O que você precisa saber uso de máscaras caseiras para proteção contra a Covid-19
Apesar das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde quanto ao uso restrito de respiradores dos tipos N95 e PFF2 a profissionais de saúde e pacientes infectados, muitas pessoas acabam estocando estes EPI´s em casa. A consequência é que diversos hospitais brasileiros relatam falta de itens do tipo N95 e/ou respiradores PFF2, específicos para ambientes contaminados por aerossóis – comuns em doenças respiratórias. Nas últimas semanas, o Ministério da Saúde mudou sua orientação sobre uso de máscaras contra o coronavírus.
Até a semana passada, só era recomendado o uso de máscaras para quem apresentasse sintomas da Covid-19, para não transmitir o vírus adiante. Recentemente, o ex ministro Luiz Henrique Mandetta começou a orientar o público a usar respiradores de tecido ou artesanais.
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) respondeu às orientações do ministério sobre as máscaras caseiras, feitas de tecido. Primeiramente, a organização é categórica ao falar que “em serviços de saúde, elas não devem ser usadas sob qualquer circunstância”, mas para o resto da população, a associação diz que essa é uma possibilidade na crise atual.
“Para a população que necessita sair de suas residências, a máscara de pano pode ser recomendada como uma forma de barreira mecânica”, diz o comunicado da SBI, que nota que o uso da máscara caseira não deve jamais excluir outras medidas de proteção, como a higienização constante das mãos, o distanciamento social, com uma distância segura de outras pessoas e evitar tocar no rosto, especialmente na boca, nariz ou mãos.
“A máscara de pano pode diminuir a disseminação do vírus por pessoas assintomáticas ou pré-sintomáticas que podem estar transmitindo o vírus sem saberem, porém não protege o indivíduo que a está utilizando, já que não possui capacidade de filtragem. O uso da máscara de tecido deve ser individual, não devendo ser compartilhado”, diz o comunicado da SBI. Ou seja: use, mas não para proteção própria, e sim para proteger os outros contra o vírus que você pode estar carregando sem saber, por não ter desenvolvido sintomas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também passou a abrandar sua posição de não recomendar máscaras para pessoas assintomáticas. A organização segue falando que máscaras cirúrgicas e respiradores N95 devem ser direcionados primeiramente para profissionais de saúde, mas passou a estudar a recomendação de máscaras caseiras para o restante da população.
“O debate sobre o uso de máscaras, em geral, é baseado, é construído, não no paradigma de se proteger. A evidência é bastante clara de que o uso de uma máscara em público não o protege necessariamente. Mas se uma pessoa doente usa uma máscara, é menos provável que ela possa infectar outras pessoas”, afirmou Michael Ryan, diretor-executivo da OMS.
Máscaras caseiras
Na tentativa de deixar as máscaras produzidas industrialmente para os profissionais da saúde que estão na linha de frente do combate, o secretário-executivo do Ministério da Saúde recomendou, na última semana, a produção caseira do produto. Um estudo de 2013, publicado no periódico Disaster Medicine and Public Health Preparedness, pesquisadores listaram quais seriam os melhores tecidos na hora de produzir uma máscara caseira.
Em comparação a uma máscara cirúrgica, que teria cerca de 89% de eficácia contra micropartículas, eles listam:
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- Tecido do saco do aspirador de pó: 86%
- Pano de prato: 73%
- Roupas feitas de algodão: 70%
- Fronha antimicrobiana: 68%
- Linho: 62%
- Fronhas de outros tecidos: 57%
- Seda: 54%
- Roupas 100% algodão: 51%
- Lenço ou cachecol: 49%
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Especialistas orientam que, caso a pessoa faça uma máscara em casa, é preciso alguns cuidados. A confecção deve cobrir toda a região da boca e região nasal. O nariz não pode ficar exposto. E é importante não tocar na máscara na parte de fora, porque dali a mão segue para o olho ou depois para a boca e o nariz e a pessoa se contamina novamente. Outro risco é achar que a máscara garante uma proteção total e, com isso, deixar de lado as outras medidas, como lavar as mãos, praticar a etiqueta da tosse e do espirro e manter o isolamento social.
Confira as orientações para uso lavagem e descontaminação das máscaras
1) A máscara (EPI) é individual, não pode ser dividida com ninguém.
2) Recomenda-se que a máscara seja usada entre duas a quatro horas. Depois desse tempo, é preciso trocar. Então, o ideal é que cada pessoa tenha pelo menos duas máscaras de pano.
3) Atenção: a máscara serve de barreira física ao vírus. Por isso, é preciso que ela tenha pelo menos duas camadas de pano, ou seja, dupla face.
4) Também é importante ter elásticos ou tiras para amarrar acima das orelhas e abaixo da nuca, cobrindo totalmente a boca e nariz e que estejam bem ajustadas ao rosto, sem deixar espaços nas laterais.
5) Use a máscara sempre que precisar. Saia com pelo menos uma reserva e leve uma sacola para guardar a máscara suja, quando precisar trocar.
6) Chegando em casa, lave as máscaras usadas com os produtos indicados. Deixe de molho por cerca de dez minutos.
7) Para a lavagem e descontaminação, recomenda-se o uso de hipoclorito de sódio.
Para colocá-la no rosto, lave as mãos e tente manuseá-las apenas pelas alças, evitando tocar na máscara. Se precisar encostar, para ajustar ao nariz e a boca, faça isso apenas uma vez, com as mãos higienizadas. Após colocar no rosto, não encoste mais na máscara até retirá-la.
A máscara só poderá ser reutilizada depois de passar pelo processo de higienização novamente.
Para armazená-las, coloque-as dentro de um saco plástico, sempre manuseando-a com as mãos higienizadas. O saco não deve tocado em sua parte interna, devendo ser higienizado na parte externa. A grande preocupação que surge é a de pessoas manipularem as máscaras de forma errada, o que pode aumentar a exposição ao vírus, ao invés de diminuir. A orientação é nunca encostar com as mãos na máscara, apenas no suporte da orelha. Lavar as mãos antes e depois de colocá-las, trocar a cada três ou quatro horas, no máximo, ou se ela ficar úmida.
O uso de máscaras caseiras é uma das medidas adicionais que irão auxiliar a minimizar a circulação do vírus nos ambientes, mas não devem servir como salvo conduto para não cumprir os demais procedimentos de prevenção e combate ao COVID-19.
Pesquisa e publicação: Suporte Gestão Seg & Company – em 20/04/2020.